Vamos ter seguramente um aumento relevante de visitantes nacionais e estrangeiros em Salvaterra de Magos

06
dez

A primeira entrevista com Hélder Esménio, presidente da autarquia Salvaterrense, após a Falcoaria Real ter sido classificada como Património Imaterial da Humanidade. Um momento alto para Salvaterra de Magos e para o país.


Como se sente o Presidente Hélder Esménio após este brilhante feito, o de conseguir que a Falcoaria Real tenha sido classificada como Património Imaterial da Humanidade?
É com enorme alegria e sensação de dever cumprido, mas também a assunção de uma enorme responsabilidade. Alegria, porque culminou no dia 1-12-2016 em Adis Adeba, na Etiópia, um processo que em bom rigor histórico data de 1953, altura em que a Falcoaria Real foi classificada como imóvel de interesse público. Trinta anos depois o Município de Salvaterra de Magos adquire, à Casa Monte Real as instalações da Falcoaria que eram utilizadas como celeiro agrícola. Em 2009 a Falcoaria é recuperada e desde aí é um espaço museológico que faz a simbiose entre o passado e o presente e tem merecido um forte investimento anual do Município de Salvaterra de Magos, principalmente com a presença de Falcoeiros e das duas dezenas e meia de aves de rapina.


Acaba por ser igualmente o resultado da insistência de um conjunto de gerações de Salvaterra.
Esta sensibilidade do Município de Salvaterra de Magos para a importância da falcoaria foi comum a várias gerações de autarcas e mereceu já largas centenas de milhares de euros de investimento e foi ela própria o ponto de partida para a apresentação em 2015 da candidatura da falcoaria portuguesa a integrar a lista de países onde a prática da falcoaria é Património Imaterial da Humanidade.


Existe então uma sensação generalizada de dever cumprido?
Certamente. A sensação de dever cumprido advém do facto da candidatura que apresentámos com a Universidade de Évora e a Associação Portuguesa de Falcoaria ter sido feita em nome do nosso País e termos obtido êxito sem controvérsias e sem delongas por parte do Comité Intergovernamental da UNESCO, que unanimemente acolheu e aclamou no final a nossa candidatura. A responsabilidade de que falei no início resulta de o Município de Salvaterra de Magos ser fiel depositário de uma chancela da UNESCO que nos obriga a preservar a prática da Falcoaria em Portugal, o que faremos naturalmente com os nossos parceiros.


De que forma esta distinção poderá contribuir para o acréscimo qualitativo da economia e do turismo no concelho de Salvaterra de Magos?
É evidente que depois do Município de Salvaterra de Magos ter registado, em 2014, a marca “Salvaterra de Magos, Capital Nacional da Falcoaria” e por termos a única Falcoaria Real da Península Ibérica, erigida no séc. XVIII, temos o dever e a responsabilidade perante o País de divulgar e promover este Património Imaterial (Prática da Falcoaria) e também o património material que o próprio edifício da Falcoaria Real assume historicamente. É pois expectável que o número de visitantes nacionais e estrangeiros possa ter um relevante incremento, contando para isso com a inestimável cooperação da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e do Ribatejo, a quem agradecemos ainda o apoio dado no transporte e alojamento que recebemos para ir e estar na Etiópia. Mas o esforço não pode ser só Municipal, vamos precisar da ajuda dos artesãos e empresários na criação e oferta de produtos turísticos, em todas as áreas de negócio, que valorizem e enfatizem a Falcoaria e a Falcoaria Real, pois dessa forma seguramente que a economia local vai beneficiar e muito.


Esta distinção “Património Imaterial da Humanidade” de que forma benefícia/contribui para consolidação/longevidade da arte da Falcoaria?
O reconhecimento e a chancela da UNESCO obriga-nos desde logo a trabalhar com a Associação Portuguesa de Falcoaria e a Universidade de Évora no sentido de preservar a prática deste tipo de caça de baixo rendimento, pelo que vamos continuar a oferecer ações de formação em falcoaria, mas também desenvolveremos ações de informação e de aperfeiçoamento técnico aos falcoeiros que hoje são no máximo uma centena no nosso País. A nossa candidatura, em nome de Portugal, tem a prossecução da prática como a prioridade das prioridades e só depois vêm as outras valências que esta classificação, pelo mérito intrínseco associado, oferece – divulgação e promoção turística, estudo e valorização histórica, dinamização da economia local, entre outros.



entrevista extraída na integra de www.fundamental-diario.pt

Associação Portuguesa de Falcoaria Património Cultural - DGPC Universidade de Évora República Portuguesa - Cultura Município de Salvaterra de magos
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